quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Escrever


Fotografia de: Mar de sonhos em http://olhares.aeiou.pt

Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida.
A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm.
A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.

Fernando Pessoa

6 comentários:

Dalaila disse...

Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever, diz clarrice Lispector, e sublinho eu, a escrita é sem dúvida o local dos pensamentos, da dor do amor, porque será que normalmente os poemas são tristes!!!

A música é maior aparição do que toda a sabedoria e filosofia«, já dizia o fantástico Beethoven.

O verdadeiro objectivo das artes é o prazer Gotthold Lessing

Assim fico com estes pensamentos que somam aos teus sussuros.

és linda, bvenha a música com arte, que nos faça escrever romances ou poesia alegre quente e sorridente

Montanhaagreste disse...

"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida."FPessoa
Escrever é divagar na brisa vida...que muitas vezes dá lugar a ventos fortes e a tornados.
Escrever é também deixar escorrer pela lapizeira os conteúdos da alma...os mais puros e ingénuos ou mais preversos que as mentes mais púdicas se atrevem de imediato a conotar... Não, não é medo dessas mentes é apenas o silêncio oculto da nossa alma que enche a folha de papel, sem medos, sem receios...
Como é bom deixar fluir as palavras por um qualquer fio de tinta...Ah! como alivia a dor ou então o grito da paixão que não se pode soltar em ruído...
Escrever, sim, sempre... mesmo que qualquer pseudónimo se apodere desse "eu". É o meu "eu" só meu, o meu desabafo interior e o meu grito de dor.
parabéns por este blog, que me parece profundo, nos poemas e nos autores seleccionados pela Su. Bem Haja

Su disse...

Agradeço os excertos "divagando..." e aproveito também para dizer que segundo Celia Piovesan:Escrever é o dom de passar para o papel aquilo que se solta e que por vezes explode para fora do meu "eu"...

Eu gosto de mostrar e dar a conhecer ditos por aqueles que têm o dom da palavra. Aqueles que conseguem "explodir para fora do meu eu" tudo o que vai dentro de mim, aqueles que apesar de não me enquadrarem no seu quadro me fazem gostar de o ficar a comtemplar.

Su disse...

Para a minha Dalaila:

Sabes que te adoro e o quanto tu e a nossa "MariaRuiva" são importantes para mim.
Agradeço por me aturarem naqueles dias que confesso, devo estar mesmo mesmo chata.
Obrigado por fazerem parte da minha lua e por tantas vezes me iluminarem.

Montanhaagreste disse...

Se me permite, Su, ou será que a confusão paira no ar? Não está a querer dizer, subtilmente que o texto apresentado pelo me EU é da autoria de alguém que não a minha?... há muito quem o faça, bem sabe disso. Mas, anseio que nem o tenha pensado muito menos insinuado...ficar-lhe-ia muito mal.
Identifico-me com o seu blog e com os poemas e autores tão bem escolhidos. Tal como eles julgaram um dia, "ninguém lerá o que escrevo", humildemente e sem presunção alguma, muito menos uma impossível comparação com tamanhos génios da escrita. O que escrevo é muito MEU, os vocábulos escorrem da mente para o papel porque lêem a alma do meu fado… ou o outro, aquele que gostaria de provar, como quem prova mel das mais belas e agrestes flores ... deixo-a no seu mundo e ignore, se não foi sua intenção transmitir o que frisei no início deste breve comentário. Continuarei divagando por estas bandas…enquanto o entender.

Su disse...

Olá "divagando", há sem dúvida alguma confusão. Não insinuei a autoria do que foi escrito, estava apenas a referir-me ao excerto do poema de Fernando Pessoa, no qual fez, e muito bem, questão de o citar.
Quanto ao resto, foi uma explicação da essência deste blog, o qual é um canto onde partilho sussurros.
Espero continuar a vê-lo a divagar e a sussurrar nesta lua, que é minha e de todos.